Cordões da inclusão

Os quatro principais cordões de identificação de pessoas com deficiência ou condições cognitivas específicas, dispostos lado a lado, da esquerda para a direita: o cordão dos girassóis, o do quebra-cabeça, o do símbolo do infinito e o das mãozinhas.

Os cordões da inclusão servem basicamente para sinalizar deficiências ou condições cognitivas atípicas e são ferramentas importantes na identificação dessas pessoas, principalmente em atendimentos prioritários.

Os mais conhecidos são: o dos girassóis e o do quebra-cabeça, mas existem outros que representam deficiências e condições específicas que precisam ser mais divulgados e respeitados por nossa sociedade.

Cordão dos girassóis

Com fundo verde e estampa de girassóis, esse é o cordão “oficial” aqui no Brasil para identificar as pessoas condições cognitivas ou deficiências ocultas de um modo geral, como autismo, doença de Crohn, TDAH, deficiência auditiva, baixa visão, entre outras que muitas vezes não podem ser percebidas de imediato.

A Lei nº 14.624/2023 altera a Lei nº 13.146/2015, mais conhecida como LBI – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com deficiência, através da inclusão do art. 2º-A:

"É instituído o cordão de fita com desenhos de girassóis como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas (BRASIL, 2015)".

O uso da estampa dos girassóis, que representa resiliência e resistência na luta por acessibilidade, começou em um aeroporto de Londres, quando uma empresa aérea teve a iniciativa de oferecer os cordões aos passageiros que demandassem um atendimento diferenciado. Em pouco tempo o seu uso foi difundido em vários outros países, não só em aeroportos mas em outros locais com atendimento aberto ao público.

O uso do cordão não dispensa a apresentação de documento comprobatório da deficiência ou transtorno, caso seja solicitado pelo atendente ou pela autoridade competente e por isso ele geralmente está preso a algum cartão de identificação.

Cordão do quebra-cabeça

O símbolo do quebra-cabeça nem sempre é bem visto ou mesmo aceito pela comunidade das pessoas com TEA – Transtorno do Espectro Autista, já que foi criado e popularizado por um membro da Autism Speaks, uma organização do Reino Unido com posturas bem polêmicas sobre o autismo, chegando a associá-lo com termos negativos como “epidemia”, “dor”, “desgosto”, “cura” e até com doenças como AIDS, câncer infantil e diabetes.

E foi justamente por causa desse repúdio que a imagem do quebra-cabeça representa que a comunidade neurodivergente resolveu criar o seu próprio símbolo.

Cordão do infinito

Criado pela comunidade autista, o símbolo da neurodiversidade, representado pelo desenho do infinito com as cores do arco-íris, simboliza justamente as diferenças, complexidade e variedade das composições neurológicas humanas. Ele também se propõe a substituir os símbolos anteriores, do quebra-cabeça e da fita, que carregam ideias e visões capacitistas em suas concepções originais.

Uma pessoa neurodivergente pode apresentar deficiências psiquiátricas como depressão, ansiedade, esquizofrenia, bipolaridade, TOC; deficiências de desenvolvimento ou intelectuais como autismo, síndrome de Down, entre outras; além das deficiências de aprendizagem, como dislexia e TDAH.

O termo neurodiversidade foi registrado pela primeira vez em 1998 pela socióloga australiana Judy Singer, que se descobriu autista na idade adulta.

Cordão das mãozinhas

Esse cordão, ainda pouco conhecido, é usado pelas pessoas com Síndrome de Down e remete à características específicas das mãos das pessoas desse grupo.

Algumas pessoas podem considerar seu uso desnecessário, já que essas pessoas possuem características físicas marcantes, mas, assim como os demais cordões, existe a questão do orgulho e da representatividade, onde a ideia principal é divulgar a incansável luta por direitos e também respeito.

Outros cordões

Além dessas estampas utilizadas para representar a diversidade, algumas cores são usadas para indicar condições específicas, como:

  • Amarelo: deficiências visuais;
  • Branco: deficiências auditivas;
  • Vermelho: condições médicas de emergência, como epilepsia e alergias graves;
  • Laranja: TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

Na prática

Como mãe de um menino com autismo, posso dizer que o uso do cordão evita muito mal estar com pessoas desinformadas e nada empáticas, por exemplo, em um fila, fica complicado justificar que alguém sem qualquer deficiência física aparente, precise realmente usar do atendimento preferencial. Fica difícil também, para quem não convive com essa realidade, entender que uma situação de espera, como a de uma fila, possa desencadear crises inimagináveis em uma criança mais sensível, por exemplo.

O fato é que as pessoas que usam algum cordão, sejam crianças acompanhadas ou mesmo adultos, estão sinalizando de uma forma discreta que podem precisar não apenas de um atendimento prioritário, mas também de um pouco mais da compreensão e apoio por parte da sociedade em situações muitas vezes comuns do dia a dia, mas que podem ser desafiadoras para quem tem algum diagnóstico específico.