Mas é só um degrau…

Homem em cadeira de rodas visto de costas diante de uma grande e larga escada de concreto.

Para aqueles que não têm algum comprometimento de mobilidade, um degrau representa apenas um movimento diferente a fazer para vencer um desnível, nada além disso. Mas para muitas pessoas, a existência de um simples degrau significa um impeditivo para chegar ao seu destino.

Só que eu não estou falando apenas de degraus isolados ou mesmo de escadas, qualquer diferença de altura a partir de 5 mm (isso mesmo, 1/2 cm), já pode ser considerado um desnível capaz de travar as rodinhas dianteiras das cadeiras de rodas ou ainda provocar acidentes com pessoas idosas, por exemplo. Pode até ser difícil compreender essa realidade, mas acredite, ela está presente no dia a dia de muitos brasileiros, mais precisamente na de 5,2 milhões de pessoas que têm dificuldade de andar ou subir degraus, segundo o Censo de 2022 do IBGE.

O problema é que a sociedade, de um modo geral, entende que as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida sempre podem contar com a ajuda de terceiros, afinal, somos um povo muito prestativo e acolhedor, não é mesmo? Aquelas situações absurdas de pessoas em cadeira de rodas sendo erguidas ou pegas no colo por estranhos para entrar em um estabelecimento, são extremamente desrespeitosas, constrangedoras e inaceitáveis! Não podemos normalizar comportamentos que violam os direitos que essas pessoas têm de se locomover e acessar qualquer espaço de uso coletivo com autonomia e segurança.

Um exercício de empatia

Muita gente acredita que empatia significa “se colocar no lugar do outro”, mas isso não existe, ninguém pode se colocar no lugar de outra pessoa. Empatia tem mais a ver com escuta ativa, com procurar entender uma outra realidade respeitando as diferenças envolvidas. E o que eu gostaria de sugerir aqui é um exercício muito simples, para justamente despertar a atenção e o interesse à situações que costumam passar despercebidas pela maioria das pessoas: preste atenção aos lugares que você frequenta diariamente. Quantas barreiras físicas você encontra? Quantos degraus pelo seu caminho poderiam ser eliminados ou transformados para garantir a acessibilidade a todas as pessoas? Por que não nos importamos com as dificuldades as quais não vivenciamos?