Quero compartilhar com vocês uma experiência, nada agradável, que estou vivenciando no momento, graças a uma cirurgia oftalmológica pela qual precisei passar e que me deixou na condição de pessoa com mobilidade reduzida.
Para quem ainda não conhece o termo, qualquer indivíduo que tenha dificuldade de movimentação, flexibilidade, percepção ou coordenação motora pode ser considerado uma pessoa com mobilidade reduzida (PMR), temporária ou permanente. E isso pode acontecer por causa de uma cirurgia, gestação, avanço da idade, entre outras situações.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, define, em seu art. 3º, inciso IX, pessoa com mobilidade reduzida como:
"Aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso (BRASIL, 2015)."
Estamos falando das pessoas obesas, idosas, com crianças de colo, gestantes, lactantes, que passaram por um procedimento cirúrgico e precisam usar algum equipamento de suporte (como muletas ou cadeira de rodas) ou mesmo as que, por alguma outra razão, estão em situação de vulnerabilidade, assim como eu me encontro no momento.
Mais próximo do que parece
A verdade é que poucas pessoas param para refletir sobre essa condição, bem mais próxima de nós do que possamos imaginar e que demanda muitos cuidados, além de acessibilidade para usufruir dos espaços, equipamentos e mobiliários com autonomia conforto e segurança.
Eu, por exemplo, estou sentindo na pele a sensação de insegurança que deve ter uma pessoa idosa ao sair sozinha na rua, pois estou com a visão periférica comprometida e morrendo de medo de alguma coisa bater no meu rosto, já que a recuperação da cirurgia é bem delicada e não permite movimentos bruscos. Eu também não enxergo muito bem as diferenças de níveis, exatamente a maior causa de acidentes domésticos no grupo de pessoas a partir de 60 anos de idade.
Aliás, esse é um grupo de pessoas com mobilidade reduzida que corresponde a 31,23 milhões de indivíduos ou 14,7% da população e que continuará a crescer ano a ano, com previsão de que em 2043 chegue a 1/4 da população. Crescimento este que virá acompanhado por uma série de novas demandas voltadas a esse público, cada vez mais independente em suas atividades do dia a dia.
Ambientes de trabalho
Outra situação que constato de perto nas empresas é que os gestores não costumam levar em conta a possibilidade de alguém em um cargo de chefia se encontrar nessa condição, daí eu pergunto: “essa pessoa consegue entrar no seu escritório ou estabelecimento utilizando uma cadeira de rodas?”, ou ainda, “e se vocês precisarem receber um cliente importante e ele simplesmente não conseguir passar pela porta?”, imagina só o constrangimento!
O fato é que todos os ambientes de uso comum, seja ele público ou privado, precisa ser acessível, não apenas para atender as pessoas com deficiência mas também as com mobilidade reduzida, que precisam desempenhar suas atividades cotidianas e que são frequentemente impedidas pelas barreiras arquitetônicas e de outras naturezas em seu caminho.
Para refletir
Convido então você a prestar mais atenção em como certas situações, aparentemente inofensivas à maioria das pessoas, podem significar grandes obstáculos para alguém com mobilidade reduzida.
Fique de olho nas escadas, elas têm corrimãos em duas alturas? Fitas antiderrapantes e contrastantes nos degraus? E as soleiras? Se o desnível for a partir de 5 mm elas já oferecem risco de acidentes, assim como tapetes enrugados ou fios soltos. Falta de sinalização e de iluminação adequadas também costumam atrapalhar bastante o deslocamento das pessoas. Buracos nas calçadas então…
Tenho certeza que ao observar melhor algumas situações como essas nos espaços de uso coletivo, cada um de nós passa a compreender um outro lado, ainda pouco abordado, das dificuldades enfrentadas por uma grande parcela da nossa população. E que tal cuidar melhor dessas questões de acessibilidade pensando em nosso próprio bem-estar no futuro?
Para maiores informações sobre adequação dos espaços para os padrões de acessibilidade, entre em contato conosco para mais informações.