Deslocamento frontal de portas

três imagens dispostas lado a lado e separadas por uma fina barra vertical, que mostram situações onde o deslocamento frontal para pessoas em cadeira de rodas não foi respeitado para a abertura de porta de sanitários.

O deslocamento frontal por pessoa em cadeira de rodas é um tema mais conhecido entre os arquitetos que trabalham com acessibilidade e, justamente por essa razão, acredito que deva ser mais divulgado para que todos, profissionais ou não, possam compreender a importância dos detalhes na implantação da acessibilidade arquitetônica.

Em primeiro lugar, é importante explicar que a pessoa em cadeira de rodas precisa se posicionar adequadamente para conseguir abrir portas e, para que isso aconteça, espaços específicos a duas situações devem ser garantidos, eu explico:

  1. quando a porta abre no sentido do deslocamento do usuário: ou seja, quando a pessoa tem que empurrar a porta para abri-la;
  2. quando a porta abre no sentido contrário ao deslocamento do usuário: ou seja, quando a pessoa tem puxar a porta para abri-la.

Na primeira situação, deve-se disponibilizar um espaço de, no mínimo, 30 cm, junto à maçaneta, entre a parede e a porta. Já na segunda situação, o espaço mínimo deverá ser de 60 cm e na impossibilidade da existência desses espaços livres, a abertura das portas deve ser automatizada, através de botoeira ou sensor.

Observando a imagem a seguir (fig. 83 da NBR 9050:2020), fica mais fácil entender as duas situações:

Figura de número 83 da NBR 9050, mostrando as dimensões necessárias para o deslocamento frontal por portas pelas pessoas em cadeira de rodas.
deslocamento frontal de portas | fonte: nbr 9050

Eu encontrei um jeito fácil para memorizar esse regra: para abrir a porta empurrando, o esforço é menor, portanto, o espaço é o menor, de 30 cm; e para abrir a porta puxando, o esforço é maior, então o espaço adjacente deve ser o maior, de 60 cm.

É importante ressaltar que no caso do acionamento das portas por sensores ópticos, estes devem estar ajustados para detectar pessoas de baixa estatura, crianças e usuários de cadeiras de rodas, além de também prever dispositivo de segurança que impeça o fechamento da porta sobre a pessoa.

Na prática

A ausência desses espaços adjacentes é um dos erros de acessibilidade mais comuns de se encontrar nos espaços de uso coletivo e as imagens a seguir ilustram algumas dessas situações:

Como eu já disse anteriormente, esse é um assunto pouco conhecido e que pode causar muitos constrangimentos às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, não apenas em sanitários mas também em qualquer outra porta, impossibilitando o acesso aos ambientes que deveriam estar disponíveis a todas as pessoas, sem exceção.

Esse é um dos inúmeros itens que devem ser abordados no laudo de acessibilidade e para mais informações sobre os nossos serviços, entre em contato conosco.