Talvez pela própria simbologia da acessibilidade, que retrata uma pessoa em cadeira de rodas ou ainda por ser o tipo de deficiência que demande mais espaço físico, o cadeirante é o primeiro a ser lembrado quando o assunto é acessibilidade arquitetônica. Mas e as outras pessoas com deficiência, o seu ambiente de trabalho está pronto para recebê-las?
A realidade das empresas
É bem comum eu ouvir dos gestores nas empresas, logo no primeiro contato, o seguinte questionamento: “mas nós não temos funcionários com deficiência, precisamos mesmo adequar o espaço?” ou ainda as empresas pedirem a adequação dos ambientes de trabalho “para cadeirantes”, como se o termo fosse sinônimo de acessibilidade.
A verdade é que a maioria das empresas, tanto escritórios, estabelecimentos comerciais e até indústrias de grande porte, ainda não sabem o que significa um ambiente de trabalho acessível. A acessibilidade é obrigatória em todos os espaços de uso coletivo, sejam eles públicos ou privados, mas vamos tratar aqui neste post sobre os ambientes de trabalho.
Respondendo àquela pergunta, a resposta é sim, todas as empresas precisam ser acessíveis mesmo que não tenham funcionários com deficiência que demandem adequações físicas e isso ocorre por algumas razões. Primeiramente, por ser uma determinação legal, como consta no art. 57 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência:
"As edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo como referência as normas de acessibilidade vigentes" (BRASIL, 2015).
Então, como eu já havia mencionado, não tem para onde fugir, sendo um ambiente de uso comum, como escola, comércio, academia, banco, clínica, escritório, entre outros, precisa estar adequado aos padrões de acessibilidade. Mas ainda existem outras situações práticas que costumo questionar os que ainda não se têm por convencido pelo argumento legal, como, por exemplo: “E se a sua empresa precisar receber um cliente com deficiência?” ou ainda “E se o diretor da empresa se acidentar ou passar por um procedimento cirúrgico e precisar ir ao trabalho de muletas ou cadeira de rodas?”.
Essas perguntas costumam ser bem convincentes, sabe por quê? Primeiro porque mexem com a imagem e a credibilidade da empresa. Imaginem só a situação constrangedora de um escritório de advocacia de alto padrão onde um cliente, em cadeira de rodas, não conseguiu passar pela porta da sala de reunião. E se eu disser que isso aconteceu de verdade? E cá entre nós, em um escritório de advocacia, minha gente, não pode, né? A outra situação também é bem corriqueira, quando um funcionário, podendo ser inclusive com um alto cargo na empresa, sente na pele as dificuldades em se locomover em seu próprio ambiente de trabalho, por ser uma pessoa com mobilidade reduzida. Também já aconteceu de um diretor relatar essa situação, por conta de um longo período de recuperação após uma cirurgia, antes de contratar os nossos serviços, foi preciso um impacto pessoal para ele entender o real significado da acessibilidade.
Além da cadeira de rodas
Quando se trata de acessibilidade arquitetônica, a maioria das empresas se preocupa logo de cara com o banheiro, isso é fato, parece até que ter o sanitário acessível já atesta todos os demais ambientes, mas e as outras instalações? Uma pessoa em cadeira de rodas consegue ao menos entrar no local? E uma pessoa cega tem autonomia para ir trabalhar como as demais? Será que a falta de contraste visual nos pisos e na sinalização dos ambientes, por exemplo, está adequada para as pessoas com baixa visão? Como se comunicar com uma pessoa com deficiência auditiva? O mobiliário de trabalho atende aos padrões de ergonomia?
Essas são algumas questões relevantes para as empresas, seja qual for o segmento, pois mostram que existem outras demandas a ser atendidas, além do espaço adequado para circulação e manobra de cadeira de rodas, para que uma edificação ou mesmo ambiente seja considerado acessível.
Sobre representatividade
Representatividade nos ambientes de trabalho, é isso que está faltando! Pessoas com deficiência ainda não ocupam os cargos no mercado de trabalho aos quais são qualificadas. Quantos CEOs você conhece com esse perfil? Por que essas pessoas não ocupam postos de chefia? A sua empresa, que promove ações de marketing super engajadas com as premissas do ESG é realmente inclusiva ou apenas cumpre com as cotas legais para PcD (ou nem isso)?
Percebem agora a real importância em ter as condições mínimas de acessibilidade nos espaços de trabalho? Gestores, não tenham medo de dar o primeiro passo, conversem com seus colaboradores, conheçam suas limitações e dificuldades no dia a dia, promovam a inclusão de verdade para que essa troca entre as pessoas seja genuína e proveitosa para todos os envolvidos. Aposte no potencial humano de cada um, afinal, a deficiência está nas barreiras dos espaços e não nas pessoas.
Conte conosco para adequar o seu ambiente de trabalho aos padrões de acessibilidade, entre em contato para mais informações.