A adaptação de residências para pessoas idosas, com deficiência ou mobilidade reduzida, é, na minha opinião, um dos trabalhos mais gratificantes, profissionalmente falando, pois é quando tudo o que aprendemos ao longo dos estudos de acessibilidade, pode, enfim, ser colocado em prática com a personalização dos ambientes.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, define, em seu art. 3º, inciso IX, pessoa com mobilidade reduzida como:
"Aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso."
A pessoa idosa faz parte do grupo das pessoas com mobilidade reduzida, assim como qualquer indivíduo que tenha dificuldade de movimentação, flexibilidade, percepção ou coordenação motora, mas eu quis dar uma atenção especial a esse grupo tão importante da nossa sociedade, que está vivendo mais e, por essa razão, também desejando mais qualidade de vida.
Adaptando a residência
Existem muitas estratégias para tornar a casa acessível e adaptada às demandas específicas da pessoa idosa ou com mobilidade reduzida, mas assim como em qualquer outro projeto arquitetônico, é fundamental se atentar aos seguintes passos:
- Briefing/Levantamento de dados: conhecer a rotina diária do usuário (ou usuários) da residência em questão, através de conversas com a pessoa idosa ou com mobilidade reduzida, familiares, médicos e terapeutas, além da aplicação de questionários específicos;
- Mapa comportamental: traçado dos caminhos diários da pessoa idosa dentro da residência, de modo a identificar com maior precisão os pontos críticos dessa usabilidade;
- Diagnóstico: identificar e priorizar as principais dificuldades e demandas do indivíduo, bem como os seus anseios e possíveis facilitadores de suas atividades rotineiras;
- Adequação: apresentação e implantação das soluções propostas, tendo como referência os princípios do Desenho Universal e as normas técnicas vigentes, sempre com o consentimento e participação dos envolvidos, de modo a não impor mudanças muito radicais em suas atividades cotidianas.
Cenário futuro
O Brasil tinha, em 2021, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 31,23 milhões de pessoas acima de 60 anos ou 14,7% da população, um crescimento de 39,8% nos últimos nove anos. Esse número continuará a crescer ano a ano, com previsão de que em 2043 chegue a um quarto da população.
Crescimento este que virá acompanhado por uma série de novas demandas voltadas a esse público, cada vez mais independente em suas atividades do dia a dia. O profissional arquiteto tem, portanto, um importante papel nesse momento de mudança de paradigmas, como facilitador do emprego da acessibilidade na vida dessas pessoas, oferecendo condições práticas para que a pessoa idosa ou com mobilidade reduzida, possa se locomover e desempenhar suas funções cotidianas com autonomia, conforto e segurança por muitos e muitos anos.
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.