Desenho Universal

Com o objetivo de mudar paradigmas na concepção de projetos urbanos, arquitetônicos e do design em geral, o arquiteto, professor, designer de produtos e também cadeirante, Ronald L. Mace (1941-1998) criou, nos anos 1980, nos Estados Unidos, o conceito do Desenho Universal ou Universal Design, em inglês.

Ele e um grupo multidisciplinar de arquitetos, designers de produtos, paisagistas e engenheiros, se reuniu para desenvolver, de forma colaborativa, os Princípios do Design Universal, de modo que seus 7 itens pudessem ser incorporados em diversas esferas da sociedade e atendessem o maior número possível de pessoas, levando-se em conta as questões culturais, econômicas, de gênero, idade, habilidades, entre outras.

Trata-se, portanto, de um conceito que propõe a criação de espaços, objetos e equipamentos urbanos de uso democrático, garantindo condições igualitárias em sua usabilidade e com o objetivo de permitir o uso de todos na sua máxima extensão possível, sem a necessidade de adaptações.

Os 7 Princípios do Design Universal

Princípio 01: Uso equitativo

Espaços, produtos, serviços e informações projetados e desenvolvidos para usuários com as mais variadas habilidades.

Diretrizes:

  1. Disponibilize os mesmos meios de utilização para todos os usuários: idênticos sempre que possível e equivalentes quando não;
  2. Evite segregar ou estigmatizar qualquer usuário;
  3. As provisões para privacidade, segurança e proteção devem estar igualmente disponíveis para todos os usuários;
  4. Torne o design atraente para todos os usuários.

Princípio 02: Flexibilidade no uso

O design é concebido de modo que atenda a usuários com diferentes habilidades e múltiplas preferências.

Diretrizes:

  1. Forneça opções de métodos de uso;
  2. Disponibilize acesso e uso para destros ou canhotos;
  3. Facilite a exatidão e precisão do usuário;
  4. Disponibilize adaptabilidade ao ritmo do usuário.

Princípio 03: Uso simples e intuitivo

Esse princípio abrange o fácil entendimento para que qualquer pessoa possa compreender o conteúdo, independente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem ou nível de concentração.

Diretrizes:

  1. Elimine a complexidade desnecessária;
  2. Seja consistente com as expectativas e a intuição do usuário;
  3. Reúna uma ampla gama de habilidades de alfabetização e linguagem;
  4. Organize as informações de acordo com sua importância;
  5. Forneça sugestões e feedback eficazes durante e após a conclusão da tarefa.

Princípio 04: Informação de fácil percepção

A informação necessária é transmitida de maneira a atender as necessidades de quem a recebe, independente de condições ambientais (estrangeiros) ou habilidades sensoriais do usuário (dificuldades de visão, audição, dentre outras).

Diretrizes:

  1. Use modos diferentes (pictórico, verbal, tátil) para apresentação de informações essenciais;
  2. Forneça contraste adequado entre as informações essenciais e seu entorno;
  3. Maximize a “legibilidade” das informações essenciais;
  4. Diferencie os elementos de maneira que possam ser descritos, ou seja, facilite o fornecimento de instruções ou direções;
  5. Forneça compatibilidade com uma variedade de técnicas ou dispositivos usados ​​por pessoas com limitações sensoriais.

Princípio 05: Tolerância a erros

Busca minimizar erros, diminuindo riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não intencionais.

Diretrizes:

  1. Organize os elementos para minimizar perigos e erros: elementos mais usados, mais acessíveis, elementos perigosos eliminados, isolados ou blindados;
  2. Fornecer avisos de perigos e erros;
  3. Forneça recursos à prova de falhas;
  4. Desencoraje a ação inconsciente em tarefas que exijam vigilância.

Princípio 06: Baixo esforço físico

Preconiza o uso eficiente e ergonômico, ou seja, confortável e como mínimo de fadiga.

Diretrizes:

  1. Permita que o usuário mantenha uma posição corporal neutra;
  2. Use forças operacionais razoáveis;
  3. Minimize ações repetitivas;
  4. Minimize o esforço físico sustentado.

Princípio 07: Dimensão e espaço para acesso e uso

Estabelece dimensões e espaço apropriado para o acesso, alcance, manipulação e uso, independente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário. 

Diretrizes:

  1. Forneça uma linha de visão clara para elementos importantes a qualquer usuário sentado ou em pé;
  2. Torne o alcance de todos os componentes confortável para qualquer usuário sentado ou em pé;
  3. Adapte variações para a mão e tamanho do punho;
  4. Forneça espaço adequado para o uso de dispositivos auxiliares ou assistência pessoal.

Os Princípios do Desenho Universal trazem a perspectiva de redução de barreiras, com o objetivo principal de incluir o maior número possível de usuários, sendo este um conceito amplamente relacionado à implantação da acessibilidade, seja no meio físico ou virtual.

Uma referência e tanto para nós, profissionais arquitetos, que deve ser considerada durante o processo criativo de desenvolvimento dos projetos arquitetônicos, não apenas dos mobiliários e equipamentos urbanos, mas também dos espaços e ambientes como um todo.

Fonte: The R L Mace Universal Design Institute (https://www.udinstitute.org)