Você já percebeu como esses locais, de um modo geral, estão despreparados para receber as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida? Eu fico bem indignada, por pura empatia mesmo, me colocando no lugar da pessoa que não pode simplesmente escolher um lugar para fazer uma refeição em família ou mesmo se divertir com um grupo de amigos, sem ter que investigar com antecedência se ela consegue ao menos acessar o local. “O acesso”, certamente, o maior dos desafios e acredito que muitas pessoas já se dariam por satisfeitas se ao menos isso acontecesse, mas vamos lembrar que TODAS as pessoas nesses estabelecimentos também têm o direito de ir até o sanitário e circular por todos os ambientes.
O que mudou
Houve uma importante mudança sobre o atendimento às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em estabelecimentos abertos ao público, pois agora, a garantia da acessibilidade está vinculada ao acesso ao ambiente e não ao serviço. Eu explico, antes, um bar, por exemplo, poderia ter uma área reservada, no térreo, ou logo na entrada, para atender as pessoas com deficiência e dessa forma o seu estabelecimento poderia ser considerado acessível perante a legislação. Mas a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2007, estabeleceu novas diretrizes sobre as questões de acessibilidade e desde então, todos os ambientes nos estabelecimentos abertos ao público devem ser acessíveis, exceto os de uso restrito, como áreas técnicas e depósitos, por exemplo, onde não há permanência de pessoas.
Então se um determinado restaurante tiver um área em um mezanino com mesas para atendimento aos seus clientes, esse espaço deverá ser acessível a qualquer pessoa, seja através de uma rampa, plataforma elevatória ou mesmo elevador. O que precisa ficar claro é que a pessoa com deficiência também tem o direito de escolha, assim como qualquer outro cliente e não podem existir barreiras que impeçam essa liberdade e nem o direito de ir e vir de absolutamente todos os usuários.
Outras especificações da NBR 9050:2020
- Os restaurantes, refeitórios e bares devem possuir pelo menos 5 % do total de mesas, com no mínimo uma, acessíveis à pessoa em cadeira de rodas (PCR);
- As mesas devem ser distribuídas de forma a estar integradas às demais e em locais onde sejam oferecidos todos os serviços e comodidades disponíveis no estabelecimento;
- Nos locais em que as refeições sejam feitas em balcões ou onde são previstos balcões de autosserviço (self service), estes devem atender ao dimensionamento especificado nesta norma;
- Quando o local possuir cardápio, ao menos um exemplar deve estar em Braille e em texto com caracteres ampliados.
Um nicho em ascensão
Também existe o aspecto econômico, já que há mais de três décadas a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91) define cotas mínimas de contratação de para pessoas com deficiência nas empresas, ou seja, essas pessoas estão no mercado de trabalho e elas também querem consumir bens e serviços como as demais, mas, infelizmente, a grande maioria das empresas não está preparada para essa conversa. Por incrível que pareça, muitos empresários ainda encaram a adaptação em acessibilidade como um gasto e não como um investimento.
Pouco inteligente ignorar um nicho de mercado emergente, não é mesmo? Uma pesquisa da Nielsen, em 2016, detectou que as pessoas com deficiência são leais a uma determinada marca quando percebem que ela atende às suas necessidades e isso certamente também se estende aos estabelecimentos comerciais e de serviços. Quando a empresa opta por um produto ou serviço acessível, ela consegue atingir não apenas o publico com deficiência, mas toda a rede de amigos e familiares que compõe seu circulo social e o retorno do investimento é apenas uma questão de tempo.
Mudança de cenário
Como fazer a sua parte mesmo não sendo uma pessoa com deficiência? Muito simples, dê preferência aos estabelecimentos acessíveis! E mesmo que não por empatia, princípios ou valores pessoais, lembre-se que você ou alguém da sua família também pode um dia precisar usufruir da acessibilidade, seja por uma deficiência adquirida, por uma mobilidade reduzida temporária (no caso de uma cirurgia, por exemplo) ou mesmo com o avançar da idade, afinal, estamos falando de mudanças que só trazem benefícios a todas as pessoas.
Para maiores informações sobre os nossos serviços de adequações em acessibilidade, entre em contato conosco.