Evitando acidentes domésticos na terceira idade

É preciso estar atento aos perigos ocultos dentro de casa para dar mais segurança e evitar problemas graves e o risco de morte.

(Dr. Rogério Toledo, médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz)

Você sabia que para cada 3 indivíduos com mais de 65 anos, 1 sofre uma queda anualmente e que, para cada 20 idosos que caíram, ao menos 1 sofre uma fratura ou necessita de internação? E ainda, que dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% caem anualmente?

Estamos falando de acidentes domésticos, que além das tão temidas quedas, também envolvem queimaduras, choques elétricos e intoxicações. Mas, sem dúvida que as quedas estão no topo da lista dos acidentes domésticos com idosos com consequências mais graves e, segundo dados da USP (Universidade de São Paulo), 13% das pessoas com mais de 60 anos caem de forma recorrente, número que chegou a 30% na pandemia.

Ainda nas estatísticas, 46% das quedas de pessoas idosas em suas casas acontecem no trajeto entre o banheiro e o quarto, principalmente à noite e 34% dessas quedas provocam algum tipo de fratura. As mulheres são as que mais se acidentam, isso porque vivem mais que os homens e são mais suscetíveis à osteoporose (doença que enfraquece os ossos).

Esses dados nos mostram que os cuidados nas residências de pessoas idosas não podem ser negligenciados, já que comprometem não só a integridade física, mas também estão diretamente relacionados a fatores socioemocionais desse grupo.

Medo de cair

Após a queda, a maioria dos idosos desenvolve a chamada “síndrome do medo pós-queda”, um distúrbio provocado pelo receio de cair novamente. Com esta síndrome, alguns deixam de sair de casa ou abandonam atividades cotidianas, podendo, ainda, desenvolver atrofia muscular e desencadear quadros de depressão.

Fatores de risco relacionados à pessoa idosa:

  • Diminuição da força muscular;
  • Osteoporose;
  • Anormalidades para caminhar;
  • Arritmia cardíaca (batimento cardíaco irregular);
  • Alteração da pressão arterial;
  • Depressão;
  • Senilidade;
  • Artrose, fragilidade de quadril ou alteração do equilíbrio;
  • Alterações neurológicas (derrame cerebral, doença de Parkinson, esclerose múltipla e mal de Alzheimer);
  • Disfunção urinária e da bexiga;
  • Uso controlado de determinadas drogas;
  • Diminuição da visão;
  • Diminuição da audição;
  • Câncer que afeta os ossos;
  • Deformidades nos pés (unhas grandes, joanetes dolorosos, etc.).

Fatores de riscos atitudinais:

  • Caminhar de meias ou com calçados mal ajustados;
  • Subir em bancos ou cadeiras para pegar algo fora do alcance;
  • Se apoiar em móveis ou objetos instáveis;
  • Excesso de confiança;
  • Não buscar ajuda de terceiros.

Fatores de risco relacionados ao ambiente:

  • Iluminação: ambientes mal iluminados (natural ou artificialmente) favorecem a ocorrência de acidentes;
  • Mobiliário: disposição inadequada dos móveis atrapalha a locomoção e quando instáveis não servem como apoio;
  • Organização: objetos espalhados pela casa oferecem riscos de tropeços e quedas;
  • Obstáculos: barreiras construtivas e desníveis que possam atrapalhar a circulação;
  • Pisos: materiais escorregadios quando molhados são muito perigosos nos ambientes internos e externos;
  • Cores e contrastes: pisos, paredes, objetos decorativos e móveis escuros dificultam a noção de espaço e profundidade.
Ambientes mal projetados certamente irão oferecer mais riscos a todos os usuários, sejam eles idosos ou não, mas esse grupo, assim com as crianças, são os mais suscetíveis aos acidentes domésticos que podem e devem ser prevenidos. 

Como prevenir

A adequação da residência da pessoa idosa faz parte de um conjunto de ações que devem ser tomadas para que ela possa ter uma vida com autonomia, conforto e segurança, juntamente com os cuidados com a saúde (médicos, terapeutas e cuidadores) e também os sociais (familiares e amigos). Esse trabalho de adequação é personalizado e começa com o levantamento da rotina diária do usuário (ou usuários) em questão, de modo a conhecer em detalhes seus hábitos e tarefas dentro de casa. Confira o post sobre casa acessível para pessoa idosa.

Seguem algumas medidas preventivas, tanto arquitetônicas como comportamentais, que podem ser tomadas para reduzir os riscos de acidentes domésticos com idosos em suas residências:

  • Todos os ambientes devem ser bem iluminados, dando preferência pela luz natural;
  • Optar por cores claras e contrastantes para pisos e paredes, de modo que a pessoa idosa possa identificar seus limites na casa;
  • Interruptores devem ser instalados logo na entrada dos cômodos e em altura adequada para facilitar o alcance dos usuários;
  • Deixar telefones fixos e celulares em locais de fácil acesso e próximo à cama para situações de emergência;
  • Trocar os pisos lisos e escorregadios pelos antiderrapantes;
  • Não usar produtos de limpeza que deixem os pisos escorregadios, como ceras, por exemplo;
  • Substituir fios elétricos descascados e deixá-los sempre bem presos para evitar tropeços e quedas;
  • Deixar a casa o mais livre de móveis e objetos possível, facilitando os deslocamentos cotidianos;
  • Móveis que possam servir de apoio em caso de desequilíbrio, como cômodas e cadeiras, por exemplo, devem ser bem estáveis e nunca com rodinhas;
  • Optar por balizadores para iluminar o caminho do quarto até o banheiro durante a noite;
  • Cadeiras, sofás e camas devem ter alturas adequadas de acordo com as necessidades e limitações dos usuários;
  • Capachos juntos à porta devem estar nivelados com o piso através de rebaixo do mesmo;
  • Evitar o uso de tapetes que possam escorregar e causar tropeços;
  • Tacos soltos e pisos quebrados devem ser consertados;
  • Instalar sensor de presença na iluminação dos banheiros;
  • Evitar trancar as portas do banheiros;
  • Instalar corretamente barras de apoio nos banheiros;
  • Usar tapetes antiderrapantes dentro do box;
  • Instalar película de segurança no box de vidro;
  • Optar por modelos de vasos sanitários mais altos;
  • Escadas e rampas devem ter sempre corrimãos nas alturas corretas, além de faixas antiderrapantes em cores contrastantes ao piso;
  • Corrimãos também podem ser instalados em corredores ou outros locais estratégicos de apoio;
  • Deixar os itens de uso cotidiano em locais de fácil acesso;
  • Manter os cabos de panelas voltados para dentro do fogão;
  • A automação de diversos itens, como cortinas e iluminação, por exemplo, pode facilitar muito a vida de pessoas idosas.

Quanto maior o número de fatores de risco ao qual um idoso é exposto, maiores são as chances de ele sofrer quedas.

(Dr. José Eduardo Pompeu, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP)

Por onde começar

Entre em contato conosco para que possamos conhecer melhor as suas necessidades ou de seus familiares que estejam precisando adequar a residência aos padrões de acessibilidade ou conforme as limitações específicas de alguma comorbidade ou deficiência, por exemplo. Muitos jovens também já estão se preparando para em um futuro não tão distante, terem seus imóveis acessíveis, como uma forma de investimento, priorizando autonomia, conforto e segurança em suas vidas.

Fontes: Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – Ministério da Saúde; USP – Universidade de São Paulo.