Eu já escrevi alguns posts aqui no blog sobre acessibilidade nos ambientes corporativos e a cada trabalho desenvolvido, onde é preciso conhecer mais de perto as empresas e seus usuários, eu comprovo, na prática, que a acessibilidade arquitetônica não funciona sozinha sem o envolvimento das pessoas. Parece meio óbvio, mas de nada adianta um ambiente de trabalho sem barreiras físicas onde as pessoas não estejam prontas ou até mesmo dispostas a receber os colegas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Acessibilidade atitudinal
Como o nome já diz, a acessibilidade atitudinal está relacionada às ações que cada indivíduo pode tomar para eliminar as barreiras existentes entre as pessoas com e sem deficiência. E para que esta postura seja realmente efetiva no ambiente de trabalho, essas ações devem estar naturalmente presentes nos princípios da empresa, não pode ser algo forçado ou pontual, precisa estar incorporado no dia a dia de trabalho e ser uma conduta vinda “de cima”.
E quando eu digo “de cima”, quero dizer que a chefia, a diretoria da empresa, precisa mostrar que essa postura é real e que não foi adotada apenas para fazer bonito. Existem pessoas com deficiência no ambiente de trabalho? Se sim, é apenas para cumprir a cota exigida por lei? Se não, o que está faltando para que isso aconteça? Esse convívio é essencial para que a acessibilidade atitudinal seja colocada em prática nas tarefas cotidianas, os gestores precisam enfrentar essa realidade sem medo de errar, afinal, todos só têm a ganhar com a diversidade!
Cuidado com o capacitismo
Pessoas com deficiência precisam ser vistas como capazes de cumprir funções, apesar de suas possíveis limitações. Elas podem ser profissionais altamente qualificadas, desde que oferecidas as condições de trabalho em igualdade às demais pessoas.
O capacitismo é uma armadilha perigosa e pode inviabilizar qualquer prática inclusiva dentro de uma empresa. Trata-se do preconceito e da discriminação que a pessoa com deficiência sofre ao ser classificada como incapaz ou inferior, podendo acontecer através de atitudes ou expressões inadequadas, termos ofensivos, olhares de julgamento, invasão de privacidade, ausência de pessoas com deficiência em diversos segmentos e ambientes sociais, entre outras. Confira o post sobre o tema.
Como se comportar
“Devo segurar uma pessoa cega pelo braço?”
“Como ofereço ajuda a um cadeirante diante de um obstáculo?”
“Se eu falar mais alto a pessoa com deficiência auditiva irá escutar?”
Essas são questões bem frequentes em se tratando de como interagir com a diversidade e a resposta é muito simples: pergunte. Não é, de forma alguma, ofensivo se dirigir à pessoa com deficiência e perguntar se ela precisa de alguma ajuda ou como ela prefere ser tratada, pois são situações muito individuais e nada melhor que cada um dizer como se sente ou onde seu calo aperta. Só tome cuidado com as perguntas indiscretas, principalmente com quem não se tem intimidade, afinal, ninguém é obrigado a compartilhar sua vida pessoal com desconhecidos (e isso serve para qualquer pessoa).
Termos inadequados
E por que já não aproveitar para banir algumas frases e termos inadequados do vocabulário?
“Você é surdo?”, “Que mancada!”, “Fulano está mal das pernas”, “Fingir demência”, são alguns exemplos de frases capacitistas, equivocadas e totalmente inadequadas.
Outra situação muito comum é a de infantilizar as pessoas com deficiência, assim como costuma acontecer com as pessoas idosas, não façam isso! E nem tratem os desafios diários dessas pessoas como exemplos de superação, afinal, eles não são motivos de orgulho, já que essas são as barreiras que nós, como sociedade, precisamos ajudar a transpor.
O post Dicionário da Inclusão lista os termos mais apropriados para se referir às pessoas com deficiência, bem como alguns itens relacionados à temática da inclusão, confira!
Quer levar esse conhecimento aos colaboradores da sua empresa? Indicamos palestrantes na temática da diversidade e inclusão, entre em contato conosco para mais informações.